domingo, 29 de maio de 2016

cabaz de meia feira

António Franco ALEXANDRE, Aracne (Assírio & Alvim)
ANÓNIMO, História de Carlos Magno (Minerva)
ANÓNIMO, História do João Pateta (Minerva)
ANÓNIMO, Vida e Milagres de Santo António (Minerva)
H. G. CANCELA, De Re Rvstica (Afrontamento)
Manuel Afonso COSTA, Os Últimos Lugares (Assírio & Alvim)
Gastão CRUZ, A Poesia Portuguesa Hoje (Relógio d'Água)
Maria da Conceição FERNANDES, António Botto -- Um Poeta de Lisboa (Minerva)
Mário-Henrique LEIRIA, Depoimentos Escritos (Estampa)
Ilde LOSA, Sob Céus Estranhos (Afrontamento)
A. H. de Oliveira MARQUES, Correspondência Política de Afonso Costa -- 1896-1910 (Estampa)
Graça Pina de MORAIS, A Origem (Antígona)
Helder Moura PEREIRA, Nem por Sombras (Afrontamento)
Helder Moura PEREIRA, Se as Coisas Não Fossem o que São (Assírio & Alvim)
Alberto Oliveira PINTO, Eu, à Sombra da Figueira da Índia (Afrontamento)

terça-feira, 24 de maio de 2016

microleituras

Conferência proferida por Joaquim Paço d'Arcos no Instituto Britânico, em Lisboa, a 30 de Novembro de 1954, data em que o estadista inglês completava oitenta anos.
O texto é esplêndido de informação, concisão e empatia do romancista português (um dos mais importantes da primeira metade do século XX) e essa figura titânica no imaginário contemporâneo, galardoada no ano anterior com o Prémio Nobel de Literatura, pelo conjunto da obra, em especial The Second World War, só então concluída. Galardão que, de resto, suscitou, desde então, várias perplexidades. Só que não seria o primeiro nem o último Nobel literário entregue a um não ficcionista: o historiador alemão Theodore Mommsen recebeu-o em 1903, e ainda no ano passado, a jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich seria também distinguida.
A conferência, propriamente dita, é a resenha de um admirador português, escritor, conservador e colonialista no sentido histórico do termo, pontos de identidade com o homenageado.

início:
«MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES: / Convidado há muito pelo Instituto Britânico para pronunciar uma conferência nas suas salas hospitaleiras, só agora a minha vida pesada me permitiu retribuir, com a desvaliosa moeda da minha palavra, todas as atenções de que nesta casa tenho sido alvo.»

ficha:
Autor: Joaquim Paço d'Arcos
título: Churchill -- O Estadista e o Escritor
edição: Separata da revista 'Ocidente', vol. XLVIII
local: Lisboa
ano:s.d.
impressão: Editorial Império
págs.; 32

sábado, 21 de maio de 2016

Garrett no "Dicionário Perdigão"

Uma síntese de Henrique Perdigão, na 2.ª edição do seu insano Dicionário Universal de Literatura (1940): simples, acessível, eficaz, faltando, no excerto, as Folhas Caídas, talvez a única obra poética de Garrett que sobreviveu ao tempo:

«[...] Garrett, como poeta, cantou especialmente o amor da Pátria e da liberdade; este inspirou-lhe o Catão [...]; aquele inspirou-lhe o Camões, o melhor, talvez, dos seus trabalhos e a primeira manifestação  da poesia romântica em Portugal [...] Como dramaturgo, só, também, de assuntos nacionais se ocupou, criando com Um Auto de Gil Vicente, Frei Luís de Sousa e outras peças a verdadeira escola dramática. Como prosador, bastariam as páginas que deixou no Arco de Sant'Ana e nas Viagens na Minha Terra para que o seu nome se impusesse à admiração unânime do País, onde não foi só o grande reformador das letras, mas o fundador do teatro nacional. [...]»

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pub.



Acaba de sair a 2.ª edição do meu Viajar com Ferreira de Castro,
uma iniciativa da Direcção-Geral da Cultura do Norte,
agora em colaboração com a editora Opera Omnia

sexta-feira, 13 de maio de 2016

microleituras

Expulso da universidade pela repressão do salazarismo, antes de exilar-se no Brasil -- onde foi professor do bom embaixador José Aparecido de Oliveira, o pai da transviada CPLP --, Agostinho da Silva promoveu a edição de de livros e folhetos de difusão de um vastíssimo saber. Uma dessas iniciativas foi esta colecção «Antologia -- Introdução aos Grandes Autores», pouco mais do que folhetos na sua dimensão física, de periodicidade quinzenal, e cujo número avulso custava 1$20...
Fénelon (1651-1715 -- cuja ano de nascimento é o mesmo do nosso grande diplomata, historiador e memorialista José da Cunha Brochado), bispo de Cambrai, foi uma das mais notáveis figuras da Igreja no período barroco, numa França ainda exangue das Guerras de Religião e da Fronda. Ele próprio não fica imune à complicada heterodoxia religiosa do tempo, jansenismo, quietismo, tendo abraçado este último desvio, e posteriormente forçado a retractar-se, sendo desterrado por Luís XIV.
Deste Diálogo dos Mortos (1712), colóquios de ética política, dir-se-ia que ad usum delphini, em que são convocadas figuras mitológicas e históricas da Antiguidade, sobressai o escopo de de exaltação do bom governo do soberano, limitado pela lei e pelo bem-comum, ao arrepio do qual todo o poder se torna injusto, redundando em tirania. Muito apropriado nesses anos de chumbo em que Agostinho da Silva, idealisticamente, exercia a sua pedagogia.

primeiro diálogo:

«REMO -- Eis-te, enfim, meu irmão, no mesmo estado em que me encontro; para isto, não valia a pena teres-me matado. Acabaram os poucos anos em que reinaste; deles nada resta: e muito melhor os terias passado se tivesses vivido em paz, se comigo tivesses partilhado o poder.
RÓMULO -- Se tivesse tido essa moderação, não teria fundado a poderosa cidade que estabeleci, nem feito as conquistas que me imortalizaram.»

ficha:
Autor: François de Salignac de la Motte Fénelon
título: Diálogos dos Mortos
tradução: Agostinho da Silva
colecção: «Antologia -- Introdução aos Grandes Autores» 6.ª série
editor: Agostinho da Silva
local: lisboa
ano: 1942
impressão: Grandes Oficinas Gráficas «Minerva», Famalicão
págs.: 21

terça-feira, 10 de maio de 2016

microleituras

Maravilhoso livrinho da maravilhosa Maria Keil, história e ilustrações, lindas, sobre uma família de gatos que vê construir um prédio nos seus domínios.Querem ver o pau de fileira, coisa que, naturalmente, não sucede. Inteligentemente didáctico no louvor da cooperação, da tolerância e, sendo progressista, na defesa das tradições válidas. E com um tom muito Maria Keil, que quem a conheceu não deixa de identificar.

o princípio: «Era uma vez um terreno sem nada, no cruzamento de duas ruas.»



ficha:
Autora: Maria Keil
título: O Pau de Fileira
colecção:«Pássaro Livre»
editora: Livros Horizonte
local: Lisboa
ano: 1976
impressão: Litografia Amorim
págs.: 32

domingo, 8 de maio de 2016

um dom

«Como a poesia, a crítica é um dom. Nasce-se com aptidão interpretativa e judicativa, como se nasce com aptidão criadora e expressiva.» Manuel Antunes, «Da crítica literária» [1960], Legómena (1987).

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Romancistas portugueses - Augusto Abelaira segundo David Mourão-Ferreira (1963)

Uma dúzia de linhas no volume I da enciclopédia Verbo. Abelaira publicara apenas dois romances e duas peças. David Mourão-Ferreira qualifica a obra como «inconsistente, reflectindo embora, de maneira fiel, certa desorientação de alguns sectores da adolescência contemporânea.»
Inconsistência, foi isso que senti ao ler A Cidade das Flores (1959), que no entanto causou um grande efeito no público leitor de então -- a acção decorre em Itália, no tempo do fascismo. A transposição para cá era óbvia.
Li, há muitos anos, O Bosque Harmonioso, que hei-de reler. Como cronista fui (e continuo a ser, nos recortes que tenho espalhados pelkos meus livros, as suas crónicas esplêndidas de Ao Pé das Letras, no JL, e o Escrever na Água -- grande título para a espuma dos dias da actualidade política, de grande lucidez e humor.   

segunda-feira, 2 de maio de 2016

microleituras

Seis composições outonais: meia dúzia de poemetos meus -- o mais antigo de 1985, de 2001 o mais recente--, em torno de temas inevitáveis como a infância e a morte. Esta tornando-se-me menos obsidiante, à medida que se aproxima; aquela, cada vez mais presente, na inversa proporção do tempo que a afasta inexoravelmente.






1 poema:

MUNDO DE AVENTURAS

Uma pequena aldeia na planície arménia
nevoeiro matinal no porto de Dieppe.
O silvar agudo nos cimos dos Cárpatos,
um castelo solitário num lago escocês.

Um junco chinês no mar do Japão,
um trilho de camelos na Rota da Seda.
Um catre vazio no mosteiro da Arrábida
uma via romana na serra do Gerês.

Uma mesa de cozinha e odores de Outono,
um eucaliptal onde brinco com o Avô.
O último número da revista tão esperada,
despojos da infância que se me acabou.
Sintra, 21 de Março de 2001
 
ficha:
Autor: Ricardo António Alves
título: Seis Composições Outonais
separata de Vária Escrita #8
local: Sintra
edição: Câmara Municipal de Sintra
ano: 2001
págs.: [6]